E até na Portugal Telecom o vencimento do presidente Zeinal Bava sofreu um corte significativo no último ano. Contudo, apesar da crise, há quem consiga manter os salários intocáveis - e no dos Gato Fedorento ninguém mexe, Ricardo Araújo Pereira, José Diogo Quintela, Miguel Góis e Tiago Dores foram hábeis a negociara sua transferência da RTP para a SIC.
Nas conversações com o canal privado pediram para ganhar o mes mo mas fazer metade do trabalho, o que significava receber 1,3 milhões de euros na temporada 2008/2009. A SÁBADO apurou que o contraio com os quatro humoristas estipula apenas uma série anual de 13 episódios, em vez de duas por ano (26 episódios) como acontecia na RTP. No acordo, cada episódio custa à SIC cerca de 50 mil euros, que, repartidos pelos quatro humoristas, dão 12.500 euros a cada um.
Só o recente programa diário Gato Fedorento Esmiúça os Sufrágios terá levado a alguns reajustamentos contratuais devido ao aumento de trabalho. Por isso, em meados de Junho, e durante um mês e meio. os Gato Fedorento retomaram as negociações com Nuno Santos, director de programas e Luís Marques, director-geral, fazendo cinco reuniões informais.
E em vez de 13 programas semanais passaram para 30 diários - razão mais do que suficiente, garantem fontes próximas dos humoristas, para um novo reforço salarial dos quatro autores. Isto sem esquecer o que os Gato recebem pelas campanhas da PT, que também patrocina os seus programas, onde surgem sempre anúncios de 30 segundos nos intervalos. Os valores divulgados pelo Correio da Manhã na edição de 11 de Setembro passado apontam para um cache na ordem dos 100 mil euros por campanha, sendo que chegam a fazer mais de 10 por ano - no total, estima-se que cada um dos quatro receba este ano, pelo menos. 262,500 euros.
Contactada pela Sábado, a PT não quis revelar nem comentar detalhes contratuais. Os Gato também optam por não revelar pormenores dos acordos. O caso dos Gato Fedorento é raro - até na própria Impresa, que detém a SIC. Em Março deste ano. Francisco Pinto Balsemão, principal accionista e presidente da comissão executiva do grupo, anunciou medidas de contenção.
Uma das mais drásticas foi a redução de 10% dos salários dos membros da comissão executiva. A decisão entrou em vigor logo no mês seguinte e o ordenado de Balsemão passou de 27.500 euros para 24750 euros brutos por mês, que é quanto irá receber pelo menos até Abril de 2010. Esta redução estendeu-se aos restantes administradores e quadros da empresa com salários acima dos 5 mil euros líquidos.