As dicas de Ricardo Araújo Pereira para a fuga da prisão
O mais mediático dos elementos dos Gato Fedorento fintou as apertadas regras do Estabelecimento Prisional de Leiria (EPL), conseguindo passar a cerca de três dezenas de reclusos pistas preciosas para uma evasão eficaz da prisão. E de forma totalmente legal. E como? Com o recurso ao livro, bem regado com humor.
O livro pode então funcionar como a lima que enfraquece as grades da mente. E a intervenção bem disposta deste Gato Fedorento parece ter contribuído para isso. Ricardo Araújo Pereira explica: “neste contexto, [o livro] faz todo o sentido, uma vez que permite transcender o tempo e o espaço”. E acrescenta: “desta forma, [os reclusos] podem encontrar-se em Inglaterra do século XVI ou Espanha do século XVIII”.
O guionista, domador do absurdo em proveito do humor, saiu com um ar de dever cumprido, na manhã de terça-feira do edifício que enclausura o seu público de ocasião. E confirma: “neste como noutros casos, rir é mesmo o melhor remédio”.
Os jovens, com uma média de idades que ronda os vinte anos, dispararam perguntas ao humorista, mas Ricardo Araújo Pereira, ainda assim, saiu convencido que ficou a ganhar com a experiência: “acho que eu estava mais interessado neles que eles em mim”. É que a vivência do homem enclausurado sempre o fascinou. E esta foi a primeira vez que partilhou o seu tempo com pessoas privadas da liberdade. E agora ajudou a introduzir na prisão as ferramentas para uma fuga perfeita.
Carla Pragosa, psicóloga e técnica de inserção do EPL, explica a visita do humorista: “queremos incentivar o recurso ao livro para aumentar os níveis de leitura”. Algo que tem sido incrementado através da iniciativa “Fábrica das Artes” que pretende cruzar textos com as diversas artes, como ferramentas facilitadoras na adesão ao livro. Na terça, arte do humor e o prazer da leitura foram as ferramentas colocadas à disposição dos jovens reclusos. Que agora as podem usar como limas para libertar a imaginação. É o crime perfeito.