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Gato Fedorento Fãs

Gato Fedorento: 4 pessoas, 4 homens, 4 comediantes, mas acima de tudo são 4 amigos... 4 amigos que adoram o que fazem, e nós adoramos o seu trabalho!

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A MINHA FÉ (21 DE FEVEREIRO DE 2009)

22
Fev09

Ze Diogo Quintela

 

«O meu avô era da Academica, os meus primos eram quase todos do Benfica, assim como a maioria dos coleguinhas do colégio. Ninguém me disse para ser do Sporting. Pelo contrário, disseram-me ara ser do Benfica. Mas eu escolhi o Sporting»

 

Mesmo com ajuda do Almanaque do Sporting (aconselho a todos os sportinguistas: tem o rol de todos os jogos jamais disputados pelo nosso clube), ainda mão consegui indentificar ao certo o jogo da epifania.

O Sporting-Benfica (ou seria um Benfica-Sporting?) em que tive uma revelação e, de criança sem clube, passei para o Sporting.

Sei que tinha praí 4 ou 5 anos, que foi um jogo com golos para os dois lados e que eu, ás tantas, na sequencia de um canto marcado pelo sporting, escolhi ser lagarto. Atenção, que não foi um golo, ou um remate perigoso. Nem sequer uma grande defesa do guardo-redes (Dmas? Meszaros?) Não. Foi um canto. Que nem deu em nada. Mas que, para mim, rivaliza com o cantinho do morais em importancia.

Não me lembro quem ganhou, que jogou melhor, ou se o arbitro aldrabou (o que nem é de sportinguista, mas enfim). Só me lembro que foi a partir desse jogo que passei a ser sportinguista.

Em minha casa, nem o meu pai, nem o meu irmão gostavam de futebol, quanto mais ter clube. O meu avô era da academica, os meus primos eram quase todos do Benfica, assim como a maioria dos coleguinhas do colégio. Ninguem me disse para ser do Sporting. Pelo contrário, disseram-me para ser do Benfica. Mas eu escolhi o Sporting. E não foi pelas cores, que eu até gosto do encarnado e, além do mais, a minha televisão ainda era a pretoe branco.

Foi para, da proxima vez que me perguntassem «és do sporting ou do Benfica», não dizer o que estavam á espera que dissesse. Foi por oposição ao que era suposto. Provavelmente o único gesto não conformista da minha vida, mas que vale por todas as vezes que baixei a cabeça e me deixei ir. É que tive de aturar muita pressão. Os benfiquistas gostam de converter. Querem ser os únicos: mais do que vencer a oposição, gostavam que não existisse oposição. Mas eu, que já tinha a minha mãe a dizer-me o que comer, o que vestir, como falar, a que horas deve ir para a cama, quis decidir uma vez por mim.

É assim fiquei marcado para a vida por uma escolha irresponsável e intuitiva de uma criança de cinco anos. Ainda bem. Obrigado a mim. Se tivesse de optar mais dez, cem, mil vezes, ia sempre escolher o Sporting. E se, por um acaso, isso não acontecesse, era porque então tinha preferido não gostar de futebol.

Parte de ser do Sporting é não ser do Benfica. E vice-versa. São hipóteses mutuamente exclusivas. O Yin e o Yang do futubol portugues. Ebony e Ivory da segunda circular. O Cócó, ramanheta e favada (por questões de proporcionalidade, o Benfica é dois destes elementos. O Sporting é o Facada).

Por isso é que este jogo jogo é tão importante. Logo á noite, mais do que desputar o campeonato, os jogadores do Sporting, estarão a disputar almas, a formar sportinguistas. Sportinguistas como eu, que escolhem por inspiração e que passam o resto da vida a arranjar argumentos racionais que sustentem aquele instinto. Até agora, mesmo com as desilusões, tenho conseguido sem dificuldades. Sei que os nossos rapazes vão ter isso em atenção. Especialmente na altura de marcar os cantos.