Chegou a vender "sandes de panado e imperiais na festa do Avante", garante que não é um "homem da televisão" e que aparecer na caixa que mudou o mundo "foi um acidente".
Este homem, de seu nome Ricardo Araújo Pereira, e que integra o grupo de humoristas 'Gato Fedorento', esteve ontem no Estabelecimento Prisional (EP) de Leiria, onde participou na iniciativa 'Fábrica das Artes' (textos cruzados com as diferentes artes. Ferramentas facilitadoras na adesão ao livro), um projecto dirigido a um grupo de reclusos jovens.
Já depois da conversa com perto de 30 reclusos, que o 'bombardearam' com muitas e variadas perguntas, e em declarações ao Diário de Leiria, Ricardo Araújo Pereira, que ontem entrou pela primeira vez num estabelecimento prisional, confessou que a experiência "foi mais forte" para ele do que para os reclusos.
"Tenho a noção de que o que vim aqui fazer não é nada de especialmente significativo. Eu tenho mais interesse neles do que eles em mim", revelou o humorista, confessando que este tipo de experiências, que envolvem clausura, o fascinam.
E foi em clausura, na biblioteca do EP, mas por entre muitas gargalhadas, que Ricardo Araújo Pereira respondeu às perguntas de um grupo de cerca de 30 jovens reclusos, e contou alguns episódios da infância, da vida de humorista, dos 'sktech' dos 'Gato', muitos deles inspirados em familiares, e até da manhã que passou, na cama, com a modelo Carla Matadinho a contracenar.
Um guionista que
não sabe ‘guiar’
"Vendi sandes de panado e imperial na festa do Avante, sou do Benfica e de esquerda, e nunca escondi isso de ninguém", contou o humorista, revelando que ir à pediatria do Instituto Português de Oncologia (IPO), lhe provoca "alguma confusão".
Revelou ainda que não faz campanhas "tipo não beba ou não fume", porque, confessou, "eu bebo e fumo e (nos tempos de estudante) já experimentei umas ervas que o director da escola tinha trazido da Holanda, e que me deram sono".
Este episódio, recordou Ricardo Araújo Pereira, foi contado, uma vez, numa escola, em Aveiro, depois de um aluno, tal como o fizeram ontem alguns reclusos, lhe ter perguntado se, para escrever humor, usava alguma substância para se inspirar.
"O puto que fez a pergunta, quando eu disse que me tinha dado sono, disse-me que eu tinha que insistir", recordou, provocando uma sonora gargalhada colectiva, explicando que a inspiração surge de conversas entre amigos e familiares e de outros humoristas.
Quando questionado por um recluso, se no dia-a-dia é igual ao que se vê na televisão, a resposta parecia estar na ponta da língua, e não se fez esperar.
"Sou esta personalidade encantadora que vocês aqui vêem" até porque, sublinhou, "seria um absurdo fazer rir os outros e, depois, chegar a casa e chatear as minhas filhas".
O guionista, profissão que até já deu origem a um episódio que bem poderia ser retratado pelos 'Gato', recordou ainda o dia em que teve um acidente na auto-estrada, e que foi 'acusado', pela GNR de 'guiar' mal, quando disse a profissão que exercia.
O_UnasZé Diogo Quintela candidato a junta freguesia de Carnaxide http://twitpic.com/c0rot e http://twitpic.com/c0rql